domingo, 13 de abril de 2014

“Que é que haveria depois do universo? Nada. Mas haveria qualquer coisa em volta do universo para mostrar onde ele parava antes de começar o lugar do nada? Não poderia ser uma parede; mas bem que poderia ser uma linha fininha, bem fininha lá em volta de tudo. Era uma coisa muito grande para poder pensar em todas aquelas coisas e em todos aqueles lugares. Só Deus poderia fazer isso. Tentou imaginar que enorme pensamento poderia ser esse, mas só conseguiu pensar em Deus. Deus era o nome de Deus, assim como o nome dele era Stephen. Dieu era o nome francês para Deus e quando alguém rezava e dizia Dieu, então Deus imediatamente ficava sabendo que era uma pessoa francesa que estava rezando. Mas, embora houvesse nomes diferentes para Deus em todas as diferentes línguas do mundo, e Deus compreendesse o que era que todas as pessoas rezavam que rezavam, diziam em suas línguas diferentes, ainda assim Deus permanecia sempre o mesmo deus e o nome verdadeiro de Deus era Deus.
Cansou-se muito de pensar desta maneira. Acabou sentindo a cabeça ficar muito grande.”
                                                                              James Joyce

                                                                             “O Retrato do Artista quando Jovem”

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