domingo, 29 de julho de 2012

nonsenses


Aberta a janela
Sol a entrar  sem pedir licença
Assim a Irene de Manuel Bandeira
Boa  e sempre de bom humor
Ela, preta.
Ele, amarelo.
Pálida
Tons esmaecidos pelos sons do tempo
 Cantiga triste nomeou-se.
Assim não querendo ser.
Somatória de mais ou menos  ∑±
diferente  de     
 maior ou igual    
menor ou igual   l
 ao infinito    
divide-se em multiplicações   ÷×
em α β


Bichinho preguiça desejando-se peixe voador.
Tapete puído
 na lentidão e pequenez do espaço- tempo
 A tornar-se voador
No ceuzinho particular
Migalha da amplidão  decantada no si-mesma.



Mágica inefável na alma onírica.?
Feitiço- sortilégio no chá das cinco?

Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimunda
Não seria rima nem solução.
domingo, 29 de julho de 2012  14:56:06

sábado, 21 de abril de 2012

assim


109 anos de José ,meu pai

Pai,
Parece incrível,parece
mas escrever um poema
é algo que não acontece,
porque se quer ou deseja.
A gente tenta,
até se contenta
em procurar
no fundo da alma
aquela calma
necessária à inspiração...
E volto-me ao tempo,
me vejo pequenina
e você um rapagão
forte, cabelos escuros
causando em mim
um misto de ternura
respeito, medo, amor.
E, me vejo adolescente:
irreverente eu,
irreverente você,
querendo-me um Bem
que eu não entendia.
E vejo-me indo embora
numa alegria inocente.

Dos seus olhos rolaram lágrimas.
( Meu pai chorar???
Que impacto terrivel!)

Agora você está velho
(não muito, acho eu)
Mas como sempre impõe a sua vontade.
Tá velho, amedrontado
Tá velho, mas tá cercado
de gente que o estima.
(Meu pai me foi um carisma!)
Impertinente, insólito,
malcriado, enjoado,
disfarçando com mau humor
um coração tão coração ,
um amor tão amor.

Sabe, Pai, às vezes, calada
me dá um imensa vontade
de lhe dar uma palmadas.
E eu quarentona me pergunto:
Por quê , meu Pai, por quê?
As perguntas perdem-se no espaço
Não vou encontrar resposta.
O que eu quero, quero mesmo
é cingi-lo num abraço
e lhe dar beijos e beijos

cheios de amor cada um.

(carta a meu pai, em 19/03/ 1981)