DONA
FELICIDADE
Dona
Felicidade é uma velhinha,
Tão velha como o destino,
Que mora numa
velha capelinha
De uma só porta e só de um sino!
Dizem que é
feiticeira:
Que toda
sexta-feira
Monta à
vassoura e vai para o sabbat...
E aparece aos
mancebos nas estradas,
Como as boemias
Willis encantadas,
Prometendo Tesouros
que não dá.
Entretanto,
eu me lembro, quando criança,
Minha avó não
cansava de contar:
“Dona Felicidade
é a Santa esperança,
Cabelos de
ouro e olhos cor do mar...”
Mas pelo
tempo que ela foi gerada,
_Antes do
paraíso de Moisés,
Hoje, deve
estar toda encarquilhada,
Cabelos brancos,
arrastando os pés!
Dona Felicidade
é uma velhinha
Tão velha como o destino
Que mora numa
velha capelinha
De uma só porta e só de um sino!
Ela é boa
senhora. Se hoje em dia
Não abre a
sua porta a qualquer peregrino,
Como outrora fazia,
Conforme a
lenda do melhor destino
É que está
cega, surda e já não anda
De tão
velhinha que ela está.
Apesar disto,
a Bíblia sempre manda:
“Batei... batei
que ela vos abrirá.”
(Theoderick
de Almeida / Ouro, incenso e Myrrha, 1931)
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