segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

DONA FELICIDADE

DONA FELICIDADE

Dona Felicidade é uma velhinha,
                Tão velha como o destino,
Que mora numa velha capelinha
                De uma só porta e só de um sino!

Dizem que é feiticeira:
Que toda sexta-feira
Monta à vassoura e vai para o sabbat...
E aparece aos mancebos nas estradas,
Como as boemias Willis encantadas,
Prometendo Tesouros que não dá.

Entretanto, eu me lembro, quando criança,
Minha avó não cansava de contar:
“Dona Felicidade é a Santa esperança,
Cabelos de ouro e olhos cor do mar...”

Mas pelo tempo que ela foi gerada,
_Antes do paraíso de Moisés,
Hoje, deve estar toda encarquilhada,
Cabelos brancos, arrastando os pés!

Dona Felicidade é uma velhinha
                Tão velha como o destino
Que mora numa velha capelinha
                De uma só porta e só de um sino!

Ela é boa senhora. Se hoje em dia
Não abre a sua porta a qualquer peregrino,
                Como outrora fazia,
Conforme a lenda do melhor destino
É que está cega, surda e já não anda
De tão velhinha que ela está.
Apesar disto, a Bíblia sempre manda:
“Batei... batei que ela vos abrirá.”


(Theoderick de Almeida / Ouro, incenso e Myrrha, 1931)

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