Anda a ler, vagarosamente, no ritmo do si-mesma,
“Correspondências de Clarice Lispector”.
Gosta de cartas. Tanto de lê-las
quanto de recebê-las.
Numas, sujeito ,em outras, objeto. Vai de mim e volta
para mim.
São os lugares que ocupa: Ego mei mihi me me.
Acha isso
curioso.
Lamenta o destino de
quase todas as cartas recebidas ou remetidas.
Quanto se perdeu
ali? Perdeu-se tanto!
O fogo queimou? Não apagou?
Apagaram-se pelo
fogo as labaredas....
Imagina-se lendo a linguagem das labaredas. Somente isso.
As labaredas, que deseja traduzir, desconhecem limitações da linguagem.
Limitações fronteiriças a um lugar outro, fronteiriço ao incognoscível, ao estrangeiro.
Uma vez lhe foi dito: destruir as cartas pela possibilidade de profanação.
E por assim ter pensado, fez delas um fogaréu , que
até espanto causou.
Não entendera ainda
que só se profanavam os santos.
Queimou-se o
sagrado já sido?
Terá cometido heresia?
A fome do fogo: festança de fantasmas faceiros...